O Festim dos Corvos - Capítulo 25

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Brienne V
Capítulo de O Festim dos Corvos
O Festim dos Corvos.jpg
PDVBrienne de Tarth
LocalLagoa da Donzela, Baía dos Caranguejos, Terras Fluviais, Westeros
Página315-326 PT-BR Leya (Outras versões)
Cena. (Série HBO)
Cronologia dos capítulos (Todos)
Brienne IV
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Brienne VI

Brienne retorna para a Lagoa da Donzela e, em seguida, parte para Salinas com Podrick, Hyle e Meribald para rastrear Sandor Clegane.

Resumo

Brienne parte para Salinas com o Septão Meribald, por Elisa Poggese©.

Retornando para Lagoa da Donzela, Hyle Hunt informa Randyll Tarly de que Brienne matou três dos Saltimbancos Sangrentos. Tarly mais uma vez aconselha Brienne a parar de “brincar de cavaleiro”, mas ela é resoluta em continuar sua missão. Ela e Podrick encontram Sor Hyle na manhã seguinte, e falam sobre o plano dele de encontrar Sandor Clegane. Ele revela que o Cão não se juntou à Beric Dondarrion, e que a Irmandade sem Bandeiras não teve participação no saque em Salinas. Lorde Tarly criou esse rumor na esperança de colocar os camponeses contra Lorde Beric. Sor Hyle diz conhecer um septão com vasto conhecimento sobre as Terras Fluviais, e propõe que eles o acompanhem até Salinas. Quando Brienne diz que não tem nenhuma intenção de viajar com Hunt, ele revela que não está mais a serviço de Lorde Tarly.

Eles então partem para Salinas, na companhia do Septão Meribald. No caminho, o homem fala sobre grandes matilhas de animais liderados por um loba demoníaca. Aos poucos, Meribald desenha a situação do povo comum com a guerra, alertando Brienne sobre os homens quebrados que provavelmente encontrarão pelo caminho que os levará à Ilha Quieta, e Brienne supõe que o próprio septão foi um homem quebrado antes de descobrir sua fé.

O discurso sobre a guerra e a atual condição de homens e mulheres é um dos momentos mais bonitos de As Crônicas de Gelo e Fogo.


O Discurso de Meribald


—Sor? Senhora? – Podrick os interrompeu. – Um desertor é um fora da lei?

— Mais ou menos – Brienne respondeu

O Septão Meribald discordou.

— Mais menos do que mais. Há muitas espécies de fora da lei, assim como há muitas espécies de pássaros. Tanto um borrelho como uma águia marinha têm asas, mas não são a mesma coisa. Os cantores adoram cantar sobre bons homens forçados a sair da lei para combater um senhor malvado qualquer, mas a maioria dos fora da lei são mais parecidos com esse Cão de Caça voraz do que com o senhor do relâmpago. São homens maus, movidos pela ganância, amargurados pela maldade, que desprezam os deuses e só se preocupam consigo. Os desertores são mais merecedores de nossa piedade, embora possam ser igualmente perigosos. Quase todos são plebeus, gente simples que nunca tinha estado a mais de uma milha da casa onde nasceu até que algum senhor veio lavá-los para a guerra. Mal calçados e mal vestidos, partem marchando sob seus estandartes, muitas vezes sem melhores armas do que uma foice, uma enxada afiada ou um martelo que eles mesmos fizeram atando uma pedra a um pedaço de madeira com tiras de pele de animal. Irmãos marcham com irmãos, filhos com pais, amigos com amigos. Ouviram as canções e histórias, e por isso vão se embora de coração ansioso, sonhando com as maravilhas que verão, com as riquezas e as glórias que conquistarão. A guerra parece uma bela aventura, a melhor que a maioria deles alguma vez conhecerá. Então experimentam o sabor da batalha. Para alguns, essa única experiência é suficiente para quebrá-los. Outros resistem durante anos, até perderem a conta de todas as batalhas em que lutaram, mas mesmo um homem que sobreviveu a cem combates pode fugir no centésimo primeiro. Irmãos vêem os irmãos morrer, pais perdem os filhos, amigos vêem os amigos tentando manter as entranhas dentro do corpo depois de serem rasgados por um machado. Veem o senhor que os levou para aquele lugar abatido, e outro senhor qualquer grita que agora pertencem a ele. São feridos, e quando a ferida ainda está apenas meio cicatrizada, sofrem outro ferimento. Nunca há o suficiente para comer, os sapatos se desfazem devido às marchas, as roupas estão rasgadas e apodrecendo, e metade deles anda cagando nos calções por beber água ruim. Se quiser botas novas ou um manto mais quente ou talvez um meio-elmo de ferro enferrujado, têm de tirá-los de um cadáver, e não demora muito para que comecem também a roubar dos vivos, do povo em cujas terras combatem, homens muito parecidos com os que eram. Matam suas ovelhas e roubam suas galinhas, e daí é um pequeno passo até levarem também suas filhas.

E um dia, olham ao redor e percebem que todos os seus amigos e familiares se foram, que estão lutando ao lado de estranhos, sob um estandarte que quase nem reconhecem. Não sabem onde estão nem como voltar para casa, e o senhor por quem combatem não sabe seus nomes, mas ali vem ele, gritando-lhes para se posicionarem, para fazerem uma fileira com as lanças, foices e enxadas afiadas, para agüentarem. E os cavaleiros caem sobre eles, homens sem rosto vestidos de aço, e o trovão de ferro de seu ataque parece encher o mundo… E o homem quebra. Vira-se e foge, ou rasteja para longe, depois por cima dos cadáveres, ou escapole na calada da noite e encontra um lugar qualquer para se esconder. Toda noção de casa está perdida a essa altura, e reais, senhores e deuses significam menos para ele do que um naco de carne estragada que lhes permita sobreviver mais um dia, ou um odre de vinho ruim que possa afogar-lhes o medo durante algumas horas. O desertor sobrevive dia a dia, de refeição em refeição, mais animal do que homem. A Senhora Brienne não erra. Em tempos como estes, o viajante deve ter atenção aos desertores, e temê-los… mas também deve ter piedade por eles.



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