A Fúria dos Reis - Capítulo 4

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Bran I
Capítulo de A Fúria dos Reis
A Fúria dos Reis.jpg
PDVBran Stark
LocalWinterfell, Norte, Westeros
Página50-56 PT-BR Leya (Outras versões)
CenaThe North Remembers (Série HBO)
Cronologia dos capítulos (Todos)
A Guerra dos Tronos
Bran VII
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Bran II

O príncipe Bran Stark contempla o cometa vermelho e ouve os lobos gigantes uivando em Winterfell, imaginando as razões por trás de tudo isso. Ele se ressente de seu corpo quebrado e da chegada de Grande Walder Frey e Pequeno Walder Frey, a quem ele culpa por Verão e Cão Felpudo estarem presos. Quando ele diz a Meistre Luwin sobre seus sonhos com lobos, Luwin lhe dá uma poção de dormir para parar com os sonhos, mas naquela noite ele sonha que ele é Verão preso no Bosque Sagrado.

Resumo

Verão e o Cometa Vermelho, arte extraída de 'A Fúria dos Reis - Edição Ilustrada', por Lauren Cannon ©.

Bran prefere o assento de pedra na janela do que seu colchão de penas. Acamado, as paredes parecem se fechar sobre ele. Embora ele não possa andar, escalar, caçar ou lutar como antes, Bran gosta de ver as luzes começarem a brilhar por toda a noite, e ouvir os lobos cantarem para as estrelas.

Ultimamente, Bran costuma sonhar com lobos. Quando eles uivam, Bran sente que os lobos gigantes estão falando com ele, de irmão para irmão. Ele quase consegue entendê-los, como se eles estivessem cantando em um idioma que ele conhece, mas esqueceu. Os novos protegidos de sua mãe Grande Walder e Pequeno Walder Frey têm medo dos lobos, mas a Velha Ama lhe disse que os Starks têm sangue de lobo, embora seja mais forte em alguns do que em outros. Os uivos de Verão são cheios de tristeza e saudade, enquanto os de Cão Felpudo são selvagens. Suas vozes ecoam pelo castelo e parece que um bando inteiro assombra Winterfell, em vez de apenas dois. Bran se pergunta se os lobos também sentem falta de seus irmãos.

Quando Bran pergunta por que os lobos uivavam, o povo de Winterfell deu a ele respostas diferentes. Sor Rodrik o castelão não teve tempo para perguntas tão bobas, Farlen o mestre dos canis, acredita que era pela liberdade, Gage o cozinheiro disse que queriam caçar, e Meistre Luwin pensava que estavam uivando para o cometa vermelho porque pensavam que era a lua. Quando Bran repetiu as palavras de Luwin para a selvagem, ela declarou que seus lobos têm mais inteligência do que seu meistre, e sabe as verdades que Luwin esqueceu. Quando Bran pergunta a ela o que o cometa queria dizer, Osha responde: "Sangue e fogo, rapaz, e nada de bom". Septão Chayle pensa que o cometa é a espada que mata a estação, o que faz sentido para Bran já que o corvo branco chegou da Cidadela para anunciar o outono. A velha Ama não consegue enxergar o cometa pois está quase cega, mas alega que podia sentir o cheiro dele, afirmando que eles significam dragões. Hodor apenas disse: "Hodor".

Ainda assim, os lobos gigantes uivam. Os guardas nas muralhas praguejavam, os cães, nos canis latiam furiosamente, nos estábulos, os cavalos escoiceavam, os Walder estremeciam junto a lareira, e até Meistre Luwin se queixava de noites sem dormir. Só Bran não se importava. Sor Rodrik confinou os lobos ao bosque sagrado depois que Cão Felpudo mordeu Pequeno Walder, mas as pedras de Winterfell faziam estranhos truques com o som, e às vezes os animais pareciam estar no pátio logo abaixo da sua janela. Em outras, poderia jurar que eles estavam na muralha exterior, trotando em voltas, como sentinelas. Gostaria de conseguir vê-los.

The Red Comet © Skreekumar

Bran pode ver o cometa paira acima do Salão dos Guardas, da Torre do Sino e da Primeira Fortaleza. Bran conhecera cada pedra daqueles edifícios, por dentro e por fora; escalara todos, correndo parede acima com a mesma facilidade com que outros rapazes corriam escada abaixo. Aqueles telhados tinham sido seus esconderijos, e os corvos que viviam no topo da torre em ruínas, seus amigos especiais. E então caíra. Bran não se lembra de ter caído, mas supõe que deve ser verdade. Quando seus olhos caem nas gárgulas desgastadas no alto da Primeira Fortaleza, onde Bran se acidentou, ele sente um aperto no estômago. Agora ele não pode escalar, andar, correr ou lutar com espadas, e seus sonhos de cavaleiro azedaram.

Verão uivou quando caiu, e continuou uivando por muito tempo enquanto ele estava quebrado, e Cão Felpudo e Vento Cinzento juntaram-se à sua dor; Robb disse isso antes de partir para a guerra. Na noite em que o corvo trouxe notícia da morte de seu pai, os lobos sabiam também. Bran se pergunta por quem os lobos estão de luto agora. Algum inimigo matou o Rei do Norte, seu irmão Robb? Ou seu irmão bastardo Jon Snow caiu da Muralha? Sua mãe ou uma das suas irmãs morreu? Ou não tem nada a ver com isso, como Luwin, Chayle e Velha Ama pensam?

Bran pensa melancolicamente que se ele fosse um lobo gigante, ele entenderia. Nos seus sonhos de lobo, ele pode subir em montanhas mais altas que qualquer torre, e ficar sob a lua com o mundo inteiro abaixo dele, como costumava ser. Bran segura as mãos e começa a uivar como um lobo, hesitante a princípio, mas Verão responde, e então ele continua. O barulho leva o guarda chamado Hayhead até sua porta, mas Bran apenas uiva até ele sair.

Hayhead volta com Meistre Luwin, que sugere que Bran deveria estar dormindo. Bran insiste que ele está falando com os lobos. Quando Luwin oferece ajuda a Bran para dormir, Bran insiste que pode fazer isso sozinho, mas que simplesmente não quer dormir. Luwin responde que até mesmo príncipes devem dormir, mas Bran explica que quando ele dorme, ele se transforma em lobo. Ele pergunta se os lobos sonham. Luwin pensa assim, mas não como os homens sonham. Pensando em seu pai, Bran pergunta se os homens mortos sonham. Meistre Luwin diz que alguns pensam assim, mas que os mortos não têm como opinar sobre o assunto. Então Bran pergunta se as árvores sonham. Confuso, Luwin diz que não, mas Bran insiste que sim, e diz que sonha com uma árvore que o chama algumas vezes. Bran diz que os sonhos do lobo são melhores; ele pode cheirar e, às vezes, provar o sangue.

Isso deixa Meistre Luwin desconfortável, e ele deseja que Bran passe mais tempo com as outras crianças. Mas Bran odeia as outras crianças, ou seja, os Walders. Ele lembra Luwin que ordenou que eles fossem embora. Luwin fica severo ao explicar que Bran não manda nos hóspedes de sua mãe, e pergunta para onde eles iriam se fossem despejados. Bran diz que eles podem ir para casa deles, pois é culpa deles que ele não possa estar com Verão. Luwin argumenta que Pequeno Walder não pediu para ser atacado, nem o próprio Luwin. Bran lembra ao Meistre que foi Cão Felpudo quem foi violento; Verão nunca morde ninguém.

Mas Luwin lembra a Bran que Verão arrancou a garganta de um homem naquele mesmo quarto, e afirma que os filhotes doces que eram, cresceram para se tornar bestas perigosas. Bran sugere que eles devam colocar os Walders no bosque sagrado, e que lá os meninos poderiam brincar de senhor da travessia o quanto quisessem, e Verão poderia dormir com Bran novamente. Bran reclama que ninguém o ouve, mesmo que ele seja o príncipe. Ele não tem permissão para montar Dançarina além do portão. Luwin insiste que a Mata de Lobos está cheia de perigos, lembrando a Bran de seu último passeio. Bran insiste teimosamente que Verão o protegeria, e que príncipes devem ser livres para velejar pelos mares, caçar javalis, e justar com lanças. Luwin pergunta por que Bran se atormenta com esses sonhos, e lembra que ele tem oito anos. Bran perde a paciência e responde:




Preferia ser um lobo. Assim, eu poderia viver na floresta e dormir quando quisesse, e poderia encontrar Arya e Sansa. Farejaria onde elas estavam e iria salvá-las, e quando Robb partisse para a batalha, lutaria a seu lado, como Vento Cinzento. Rasgaria a garganta do Regicida com os dentes, zás, e depois a guerra chegaria ao fim e todo mundo voltaria a Winterfell. Se eu fosse um lobo...Uuu-uu-uuuuuuuuuuuu.


Meistre Luwin tenta responder, mas Bran apenas uiva mais alto até que o Meistre conceda e saia. Uivar perde seu sabor quando Bran está sozinho, e ele se cala. Ressentidamente, Bran lembra que recebeu os Walders quando eles chegaram das Gêmeas. Foi Rickon quem fez a birra, gritando que queria mãe, pai e Robb, e não esses estranhos. Foi Bran quem o acalmou e recebeu os Freys. Até o Meistre Luwin disse que se saiu bem.

Mas os Freys trouxeram esse jogo, senhor da travessia. Para o jogo, eram necessários um tronco, um bastão, um lago, e muitos gritos. A água era o mais importante, asseguraram Walder e Walder a Bran. Podia-se usar uma prancha, ou até uma série de pedras, e um galho podia servir de bastão. Não era preciso gritar. Mas, sem água, não havia jogo. Como Meistre Luwin e Sor Rodrik não iam deixar as crianças vaguear pela mata de lobos em busca de um riacho, tinham de se virar com uma das lagoas sombrias que havia no bosque sagrado. No jogo, quando um dos outros jogadores se aproximava, ele tinha de dizer: "Eu sou o senhor da travessia, quem vem lá?" E o outro jogador tinha de inventar um discurso sobre quem era e o motivo pelo qual devia ser autorizado a atravessar. O senhor podia obrigá-los a prestar juramento e a responder a perguntas. Não tinham de dizer a verdade, mas os juramentos deviam ser cumpridos, a não ser que incluíssem a palavra "talvez". Portanto, o truque era dizer essa palavra sem que o senhor da travessia notasse. Se conseguisse, em seguida o jogador jogaria o senhor na água com seu bastão, e tornaria-se o novo senhor da travessia. O jogo se resumia principalmente a empurrões, pancadas e quedas na água, com gritos altos sobre se alguém disse ou não "Talvez".

Pequeno Walder, é alto e troncudo, com uma cara vermelha e uma grande barriga redonda. Seu primo, Grande Walder, tem feições angulosas, é magro, e quinze centímetros mais baixo. Os apelidos surgiram porque Grande Walder nasceu cinquenta e dois dias mais cedo, então ele era maior no começo. Grande Walder explicou que havia um monte de Walders nos Gêmeas, além de várias meninas chamadas Walda, todas com o nome do avô dos meninos, Lorde Walder Frey.

Bran assistia melancolicamente enquanto os Walders jogavam o senhor da travessia com Nabo o filho do cozinheiro, e as filhasde Joseth, Bandy e Shyra. Os Walders haviam decretado que Bran deveria julgar se as pessoas diziam "Talvez", mas assim que começaram a jogar, esqueceram esta regra. Os gritos e tombos logo atraíram outros: Palla a garota dos canis, o filho de Cayn, Calon e o filho de Gordo Tom, Tom Também. Logo, todo mundo estava encharcado, lamacento, e rindo. Bran não ouvira tantas risadas desde que o corvo chegou. Amargamente, Bran diz a si mesmo que ele sempre seria senhor da travessia se pudesse usar as pernas. Então Rickon entra correndo no bosque sagrado com Cão Felpudo, querendo brincar. Cão Felpudo fica quieto, até que Pequeno Walder bate em Rickon com o graveto pela primeira vez. Então, antes que Bran pudesse piscar, o lobo preto ataca Pequeno Walder.

Estranhamente, depois disso, Rickon decidiu que gostava dos Walders. Nunca mais jogaram o senhor da travessia, mas brincam de monstros e donzelas, gatos e ratos, entra-no-meu-castelo. Eles saqueiam as cozinhas, correm pelas pmuralhas, jogam ossos para os filhotes e treinam com espadas de madeira. Mas quando Rickon lhes mostrou as criptas sob o castelo, Bran gritou que Rickon não tinha o direito de mostrar a eles um lugar Stark.

A porta do quarto se abre e Meistre Luwin volta com Osha, Hayhead e uma poção para dormir. Osha pega Bran e o leva sem esforço para a cama. Luwin garante a Bran que a bebida lhe dará um sono sem sonhos. Bran quer acreditar nele. Osha fica mais um pouco com Bran, e pergunta se ele continua sonhando com lobos. Quando Bran assente, Osha diz que ele não deve lutar contra isso, pois ela vê quando Bran conversa com a árvore-coração, e talvez os velhos deuses estejam tentando responder. Bran adormece antes que ele conseguia continuar a conversa, mas quando a escuridão se fecha sobre ele, ele se vê movendo-se silenciosamente pelo bosque sagrado. Parte dele sabe que é apenas um sonho, mas o sonho é melhor do que a vida em seu quarto.

Em seu sonho, está escuro entre as árvores, mas o cometa ilumina seu caminho enquanto ele se move, veloz e forte sobre quatro boas pernas. Ele pode sentir o chão sob os pés e os cheiros enchem sua cabeça. O cheiro de esquilo o lembra do gosto de sangue quente e ossos quebrando entre os dentes. Ele ouve o esquilo pipilando e farfalhando a salvo acima dele. Ele também pode sentir o cheiro do irmão, correndo sem parar, procurando incansavelmente, mas nunca encontrando: por presas, por uma saída, por sua mãe, por seus companheiros de ninhada, por sua alcateia.

Atrás das árvores, as muralhas se erguem mais altas do que qualquer lobo conseguiria pular. Ferro frio e madeira lascada fecham as únicas saídas, mas seu irmão ainda para em cada uma delas para mostrar suas presas com fúria. Ele fez o mesmo na primeira noite, mas aprendeu que não era bom; circundar as muralhas não as empurrará para trás e marcar as árvores não manterá nenhum homem afastado. O mundo apertara-se em volta deles, mas para além de Winterfell, o verdadeiro mundo chamava, e ele sabe que deve responder, ou morrer.

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